A arquitetura e a sustentabilidade

Usar o conhecimento adquirido para integrar homem-arquitetura-tecnologia, respeitando a natureza, as fontes de energia e os recursos naturais, parece ser a máxima do novo milênio.

Autor: Arquiteto Edo Rocha

Há 35 mil anos, nas cavernas de Chauvet, França, e há cerca de 20 mil anos, nas cavernas de Lasco, na Espanha, o homem demonstrou uma enorme habilidade em reproduzir e compreender o espaço e o movimento. Com visão abstrata e capacidade de memorizar o objeto, noção clara do fundo e da figura, conseguiu reproduzir com vocação artística, o modelo, iniciando assim a arte da pintura, e usando o mural par criar as “janelas” da arquitetura. Essas manifestações, somadas à idéia, cultura e habilidade manual, trouxeram a sensação de conquista, a adoração ou a simples contemplação da paisagem, para dentro de seu habitat.

Foi nessas cavernas que o homem deixou suas primeiras impressões e habilidades artísticas, e as marcas da conquista e compreensão do espaço. Séculos foram necessários para que ferramentas mais complexas chegassem às suas mãos e o capacitasse a expressar e transformar seu conhecimento e inspiração em realidade.

Foi somente no século XX que a humanidade conheceu as maiores inovações. E foram numerosas suas conquistas: da revolução da engenharia genética e do comportamento a uma maior compreensão do universo, das fontes de energia, da física, da química, da eletrônica, da informática, das telecomunicações. Apesar de toda essa evolução, o homem continua o mesmo, e suas necessidades físicas, seu modo de morar e trabalhar e seus padrões culturais não evoluíram na mesma proporção e velocidade de seu conhecimento.

Ainda hoje vivemos entre a idade da pedra e o mundo da fluidez digital. Em um universo de disparidades e contraste entre a riqueza e a pobreza, o conhecimento e a ignorância. Em uma cultura de destruição do planeta: as fontes de energia começam a se esgotar, o ecossistema está em desequilíbrio e a busca para a solução desses problemas está colocando em xeque nosso conhecimento. O planeta, que até então parecia imenso e inesgotável, mostra-se cada vez menor e agonizante.

Mas uma consciência tardia, porém verdadeira, começa a dar sinais de vida: é urgente que preservemos o nosso planeta. Curar as cicatrizes deixadas pela devastação provocada pela era industrial, consertar os estragos decorrentes do crescimento desordenado e recuperar o tempo perdido. É urgente aprender a usar, de forma racional, a matéria-prima natural e a reciclar materiais. E saber poupar a energia física e humana. Esses parecem ser os grandes desafios do futuro e as tarefas básicas da arquitetura.

Usar o conhecimento adquirido para integrar homem-arquitetura-tecnologia, respeitando a natureza, as fontes de energia e os recursos naturais, parece ser a máxima do novo milênio. A nova arquitetura, que chamo de “arquitetura integrada”, é o resultado dessa união, do equilíbrio estético e da criatividade aplicados em razão do homem, apoiados em tecnologia e no respeito à cultura. O papel da arquitetura (inclui-se aqui a arquitetura e a engenharia de obras corporativas), nessa conjuntura, é ser o grande maestro que rege uma obra de vários instrumentos.

Com a introdução da informática e das ferramentas da computação gráfica na arquitetura e na engenharia, foi possível transformar antigos conceitos de construção e revolucionar a maneira de projetar e construir. O perfil das empresas mudou: Tecnologia hoje, gerencia conhecimento. Flexibilidade e adaptabilidade são regra no mercado e exigem da arquitetura (e das obras corporativas) criatividade e integração. O objetivo visa atingir as metas de competitividade, agilidade e produtividade do mundo corporativo.

O resultado é a construção de empreendimentos corporativos edificados seguindo os novos conceitos de preservação das fontes de energia, utilização de materiais adequados e, sempre que possível, recicláveis, do uso racional e criativo do espaço corporativo, visando a um único objetivo: satisfazer as necessidades humanas de modo responsável.